O pequeno capuz

Uma das bebidas feitas com café e leite mais populares do mundo é o cappuccino. Muita gente conhece a história do nome, que veio por conta da similaridade da cor da bebida com o hábito dos monges da ordem dos Cappuccinos. Mas até onde essa história é verdadeira?

Segundo a lenda, o monge Marco d’Aviano liderou algumas forças, que ajudaram a derrotar os Otomanos durante o cerco à Viena. Depois da vitória, d’Aviano encontrou parte dos cafés deixados pelos inimigos, e acrescentou leite e açúcar para amenizar o forte sabor da bebida. A mistura foi batizada em homenagem à ordem dos Cappucci (capuz em italiano, se referindo ao detalhe dos capuzes nos hábitos desta ordem) à qual Marco d’Aviano pertencia.

Os primeiros registros da bebida “Kapuziner” surgiram em Viena no começo do século XVIII. Esses registros antecedem em aproximadamente 300 anos a invenção e popularização das máquinas de café espresso. Além do “Kapuziner”, outra bebida que se popularizou pelos cafés de Viena foi o “Franziskaner”. Os nomes das duas bebidas foram inspirados por ordens de monges e as cores de suas vestimentas, sendo que o “Kapuziner” tinha a cor mais semelhante ao hábito dos monges Cappuccinos, e o “Franziskaner” tinha uma cor mais clara, mais próxima ao tom das vestimentas dos monges Franciscanos, que viviam próximo da capital austríaca.

Em 1805, “Kapuziner” aparece no dicionário como “café com creme e açúcar”, e vai se popularizando pela Europa como “café vienense”, um café preparado somente com chantilly.

O cappuccino italiano como escrevemos hoje, aparece pela primeira vez somente na década de 1930 no norte da Itália, e segundo fotografias da época ele era muito semelhante ao café vienense coberto com chantilly e chocolate ou canela em pó. O cappuccino italiano foi evoluindo nas décadas seguintes, sendo que depois da Segunda Guerra Mundial, quando as máquinas de café espresso se difundiram pela Itália, o cappuccino foi tomando a forma que conhecemos atualmente, com espuma de leite por cima.

Assim como o cappuccino e o kapuziner acabaram sendo servidos lado a lado nas cafeterias de Viena, a lenda do monge Marco d’Aviano e os registros da criação do cappuccino também estão muito próximos. Esse é um caso onde lenda e história se misturam para nos intrigar, do mesmo jeito que o café e o leite do cappuccino se juntam para agradar nosso paladar.

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