No post da semana passada, introduzimos algumas técnicas sobre a blendagem de cafés. Hoje vamos continuar o tema, mas focando mais no mercado de cafés especiais.
O nosso mercado busca excelência em todos os grãos, para valorizar o trabalho do produtor, dos colhedores, dos torrefadores até serem apreciados pelos consumidores como uma experiência sensorial única. Terminamos o post passado com a pergunta: para que criar blends com cafés que já são individualmente bons?
A busca pela perfeição é interminável em qualquer ramo, e no mundo dos cafés especiais não é diferente. Encontrar grãos excepcionais já é uma tarefa difícil, cada grão possui sua personalidade e características únicas e o mesmo lote pode sair diferente de uma safra para outra. Para contornar essas variações da natureza e chegar em uma oferta mais consistente, a solução é o blend.
As regiões denominadas de cultivo de café oferecem um perfil específico para cada região, mas isso não significa que todos os cafés daquela zona produtora terão o mesmo sabor, mas um torrefador que busca um certo perfil de café para complementar seu blend já vai saber onde procurar.
A necessidade de oferecer ou não um blend depende da filosofia de cada mestre de torra. Mas trabalhar com uma matéria prima volátil que varia anualmente é um desafio e suas consequências afetam diretamente o produto final. Por isso a oferta de um “blend da casa” é uma alternativa boa para aqueles consumidores que não querem experimentar algo diferente, pois já sabem do que gostam. O objetivo é sempre oferecer um blend equilibrado, melhor que os ingredientes individuais, ao mesmo tempo também é bom oferecer os ingredientes separados.
Para o consumidor curioso, um bom exercício de degustação é provar os cafés individualmente, e em seguida ver como cada elemento se completa no blend. Algumas características desaparecem, umas se juntam e se complementam, enquanto outras permanecem dominantes. Esperamos ter esclarecido algumas curiosidades sobre os blends de café.